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Cinema de animação tem o que comemorar



Audiovisual // Da película pintada à mão aos games ultradesenvolvidos, a animação gráfica e digital movimenta um mercado em plena ascensão no estado Hoje o mundo todo comemora o Dia da Animação. A data remonta a 28 de outubro 1892, quando o francês Émile Reynaud realizou a primeira projeção de desenhos animados, em Paris. Quatro anos depois, os irmãos Lumière fariam o mesmo, só que inaugurando a imagem cinematográfica. Nem precisa dizer que a empreitada de Reynauld foi um sucesso. Da película pintada à mão aos games ultradesenvolvidos, a animação gráfica e digital movimenta um mercado em plena ascensão. Uma mostra especial foi preparada para apresentar a atual produção mundial. Entre os títulos, figura o curta O trambolho, de André Rodrigues. Premiado como melhor vídeo do primeiro Festival de Triunfo, ele foi produzido pelo estúdio Quadro a Quadro, um dos muitos redutos para a animação na capital pernambucana. Como o nome sugere, a empresa trabalha dentro da clássica técnica do quadro-a-quadro. Da tradicional mesa de luz ao processamento digital, a equipe capitaneada pela designer Turla Alquete conta com 10 profissionais. Entre projetos publicitários, eles se dedicam à produção de conteúdo, como o episódio piloto para uma série de animação. Os onze personagens de Téo e sua turma têm boas chances de entrar em rede nacional de televisão. Aprovado pelo edital do audiovisual do Funcultura, o piloto está em fase de finalização, e conta com os mesmos dubladores dos desenhos Digimon, Simpsons e Meninas superpoderosas. "No Brasil não há a cultura de desenvolver animação infantil. Aqui, nós criamos projetos para crianças de zero a cinco, de seis a nove, e acima de dez anos", revela Turla, cuja equipe conta com Rafael Barradas, animador especializado em pixel art (arte de desenhar com pixels, manipulando e atribuindo-lhes cores) para games no celular e internet. "As limitações técnicas da maioria dos celulares e também a escolha artística nos levaram a trabalhar com pixels", diz o artista. Sem dúvida, o Recife é um pólo de desenvolvimento de jogos - o mercado favorável levou a Fantoche, estúdio que produziu o atraente e multipremiado Até o sol raiá, a se dedicar quase que integralmente à animação de games, prestando serviço para empresas como a Play Lore. "A animação para games é um mercado crescente, que movimenta mais dinheiro do que o cinema", afirma Pedro Severien, cineasta e coordenador da graduação em cinema de animação da Faculdades Integradas Barros Melo. O curso existe desde fevereiro, e forma profissionais para cinema, publicidade e confecção de games. "Todos trabalham com a mesma linguagem, a do audiovisual. Por isso, o curso foi estruturado de forma a oferecer uma base conceitual que concilia arte e tecnologia, o que inclui reflexão, linguagem, história e elaboração de roteiros", diz Severien. Desde 2005, a instituição sedia um núcleo de animação de ponta, o que inclui técnicas em 3D, 2D, animação tradicional, stop motion e rotoscopia. Entre os desenhos mais conhecidos do estúdio estão A morte do rei de barro, Corrida de Jerico e Na corda bamba. A mais recente conquista se deu em Gramado, onde O jumentosanto ganhou melhor roteiro e filme na mostra infantil do Granimado. "Nosso foco é para curtas de animação autorais, um filão que normalmente não se investe", diz o coordenador, William Paiva. Por isso, a cada seis meses, o estúdio da Barros Melo produz um novo rebento. O mais recente é Voltage, que será exibido no festival Janela Internacional do Cinema do Recife. Muitos destes títulos contaram com a criatividade de Marcos Buccini, que se afastou do núcleo da Barros Melo para implantar outro centro, desta vez em Caruaru, onde a UFPE oferece graduação em design. "A idéiaé montar um laboratório de animação, promover intercâmbios e workshops. Além disso, Buccine se prepara para filmar Claustro, curta de animação a ser realizado via Técnica tradicional do stop motion. Claro que um panorama da animação no Recife não estaria completo sem a figura fundamental de Lula Gonzaga, autêntico guerrilheiro nos fronts da cidade. Desde 2004 ele está à frente do Ponto de Cultura Cinema de Animação, sediado em Olinda, onde alunos das escolas públicas produzem animações com materiais simples e baratos. "A essência da animação está na manipulação artesanal, como sempre foi feito na história da animação. É um aprendizado prazeiroso, com chance real de entrar no mercado de trabalho", afirma Gonzaga. Entre os novos projetos, está a realização de um festival ibero-americano (provavelmente em Igarassu) e a produção de A saga de Paranabuco, que deverá se tornar o segundo longa-metragem de animação nordestino - o primeiro é Boi Aruá (1983), do baiano Chico Liberato. Veterano professor e produtor de animação - ele divide com Fernando Spencer a autoria do primeiro desenho animado do estado - Gonzaga defende que o governo devia ter uma política específica para animação regional, medida que seria mais do que bem-vinda.

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