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Histórias dos meninos da Ilha de Santa Terezinha, no Recife, são contadas em filme exibido no Cinema São Luiz



Projeto Guerreiros da Rua foi fruto do Trabalho de Conclusão de Curso do pernambucano Erickson Marinho

Durante a pós-graduação em Estudos Cinematográficos, o pernambucano Erickson Marinho decidiu apostar na nostalgia em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) sobre transmídia, possibilitando, assim, contar histórias em diferentes linguagens. Foi a partir daí que nasceu o projeto Guerreiros da Rua, que conta a história de quatro meninos da comunidade Ilha de Santa Terezinha, no Recife, que criam suas próprias brincadeiras e tentam superar os desafios do lugar onde vivem. A narrativa é construída em um quadrinho, um videoclipe e um filme de média-metragem, a ser exibido hoje, às 19h30, no Cinema São Luiz, na Boa Vista. Os ingressos custam R$ 5 e serão vendidos no local.

“Quando eu comecei a ter ideias para o meu TCC, reuni meus amigos de infância, conversamos para relembrar de coisas que a gente fazia quando criança, na década de 1990, e esbocei o que seriam as primeiras histórias do projeto”, conta Erickson, ao Viver. Segundo o autor, o filme é composto por duas camadas: uma superficial, na qual os meninos criam aventuras e vão brincar nas ruas, e outra mais subliminar, que é a noção que eles têm das dificuldades de quem mora na periferia. “Eles preferem viver a infância de maneira intensa e saudável, escolhendo seus guerreiros da rua, mesmo sabendo que há dificuldades que tentam impedi-los. Eu também quis resgatar a questão da imaginação, de poder ser o que quiser, independente de onde você vem. Esses meninos da periferia se imaginam como guerreiros, ressignificando a paisagem da comunidade. Os efeitos que estão no filme são como se fossem uma colagem da imaginação deles na vida real”, explica.

Todas as crianças que participam do projeto são da comunidade Ilha de Santa Terezinha e nunca haviam participado de uma produção cinematográfica. Alguns deles fazem parte da AACA (Associação de Apoio a Criança e ao Adolescente), que presta serviço social na comunidade com atividades educativas para ocupar o tempo livre dos pequenos. “Quando começamos a procurar o elenco, pensamos logo nessa ONG. Prestamos atenção nos meninos que tinham mais desenvoltura com a leitura e a interpretação de texto e fomos até a casa deles com um texto genérico. Os que mais se destacaram entraram para o filme”, relata. Segundo o roteirista, as crianças só irão assistir ao resultado final hoje à noite, na telona. “É a realização de um sonho ter uma produção minha exibida no São Luiz. Foi lá que assisti ao meu primeiro filme no cinema e agora apresento um trabalho meu. É uma grande emoção”.

O interesse do cineasta pela animação surgiu na infância ao assistir animes clássicos, como Cavaleiros do Zodíaco e Caverna do Dragão. Junto aos amigos, Erickson criava histórias baseadas nesses desenhos animados e brincava nas ruas da comunidade, criando as suas próprias aventuras. O ex-aluno de escola pública conseguiu uma bolsa na faculdade AESO-Barros Melo, em Olinda, onde concluiu o curso de Cinema de Animação. Já formado, ele se tornou coautor das séries Pedrinho e a Chuteira da Sorte e Além da Lenda, exibidas na TV Globo, em 2018.

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