Mãe e filho dividem a sala de aula em busca de um sonho em comum: O cinema


Curso de Cinema e Audiovisual - Olinda
janeiro. 04, 2016

Colegas de classe, parceiros de uma vida

Muleta: substantivo feminino que significa, no dicionário, bastão utilizado como apoio a pessoas com problemas de locomoção. Fig.: Qualquer coisa que serve de amparo. Para o futuro cineasta João Paulo Gonçalves, de 19 anos, aluno do curso de Cinema e Audiovisual das Faculdades Integradas Barros Melo, é na mãe, Maria do Rosário Gonçalves, que ele encontra a base de sustentação. Com a deficiência conhecida como Triparesia Espastica – quando três, dos quatro membros, perdem as funções parcialmente, o estudante luta por um sonho, apoiado à mulher que tem como referência. É no corredor da faculdade, na sala de aula ou em frente a Tv, que mãe e filho dividem as angustias das provas, o companheirismo dos estudos e a vontade de vencer e de crescer na área que amam: o Cinema.  

Nascida em 1968, dona Rosário casou-se aos 27 anos. Um ano depois, prematuro, nasceu o pequeno João Paulo, após uma complicação no parto e uma gravidez conturbada. “Com mais ou menos seis meses a minha bolsa estourou e eu perdi o líquido amniótico. O médico me deixou de repouso. Então, no dia seguinte, eu tive febre, fui ao hospital e ele nasceu com infecção generalizada. Ficou na UTI.”, comenta Rosário, lembrando os momentos de dificuldades. O pequeno João teve falta de oxigênio no cérebro e precisou ficar internado durante 30 dias.

Já com seis meses de vida, a mãe notou que o filho não se movimentava como outras crianças da mesma idade: não sentava, nem engatinhava. Após procurar médicos e especialistas, veio a descoberta: uma lesão irreversível no cérebro. Foi aí que a luta começou de verdade. “Deixei de estudar ainda antes do casamento, com o segundo grau. De comum acordo com o meu esposo, dediquei-me integralmente à criação e educação do nosso filho, até porque necessitava de cuidados especiais.”, relembra. Foram várias sessões de fisioterapia, hidroterapia e uma cirurgia nos tendões das pernas, realizada no Hospital Sara Kubitschek, em Brasília.

Mesmo com todas as dificuldades, a dona de casa nunca deixou de sonhar junto com o filho. O companheirismo e amizade entre os dois eram evidenciados durante as sessões de filmes ou exibições de curtas e longas em casa. O cinema sempre foi pauta das conversas. “João Paulo sempre teve muita curiosidade em ver como os filmes eram feitos. Sempre foi determinado a fazer um curso. Quando soubemos que a graduação ia abrir na Aeso, não deu outra, senão a decisão de fazer o vestibular. Estudamos muito nos três meses antes da prova e o resultado está aí: juntos, na mesma sala, fazendo cinema.”, completa ela com entusiasmo.

A história dos dois não acaba como uma sessão em que as luzes acedem, as pessoas vão embora e os créditos sobem na tela. A vida entre mãe e filho vira roteiro e se transforma num próprio filme. O dia a dia dos dois vai ser contato, dessa vez, em imagem e som. O coordenador do curso, Paolo Gregori, cineasta paulista com vasta experiência internacional, vai dirigir um documentário sobre mãe e filho que dividem dores, amores e sonhos. O vídeo está em processo de roteirização e deve ficar pronto no final do semestre.       

Muleta: substantivo feminino que significa, na vida de João Paulo, Maria do Rosário Gomes Gonçalves. 

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